Na tarde ensolarada de ontem, 19 de janeiro, houve a segunda manifestação contra o aumento das tarifas dos ônibus municipais e intermunicipais que circulam pela cidade de Guarulhos. O ato, que foi organizado pelo Movimento Passe Livre – Guarulhos, contou com a presença de cerca de 300 manifestantes. Antes da manifestação, no marco zero da cidade, ocorreu uma Assembleia para decidirmos coletivamente o percurso da manifestação. Essa forma, nada convencional, de compreender o início das manifestações, vem sendo realizada também em outros atos que o MPL tem organizado, uma forma onde as pessoas que participam das manifestações possam ter voz e poder de decisão quanto ao caminho que a manifestação deve seguir.
Munidos de bom humor e músicas de protesto, caminhamos pelas ruas da cidade. Faixas e gritos contra o aumento e pela Tarifa Zero acompanharam os bem animados e suados manifestantes. A polícia, que nunca está bem humorada, acompanhou a manifestação ”esquecendo-se” de usar suas identificações, no entanto, não esqueceram de se apresentarem munida de armas intimidadoras e letais. Apesar da violência simbólica proporcionada pelas polícias (PM, GCM), o ato manteve-se sereno e não se rendeu às sutis provocações dos atiradores do Estado capitalista.
Caminhando em direção ao terminal de ônibus do parque CECAP, afim de cumprirmos o que fora decidido na Assembleia, e com isso denunciar o abuso das tarifas, bem como do transporte que é visto como mercadoria, nos deparamos com o terminal vazio. No local onde deveriam existir ônibus para servir à população, vazio. Como se não bastasse a tarifa, o terminal não cumpre o que lhe é, minimamente, exigido. Com isso, nos perguntamos: quem será que esvaziou o terminal antes que chegássemos lá?
Este fato, assim como o da construção da Ponte Estaiada (o triste cartão postal da cidade que não dá passagem a ônibus, bicicletas e transeuntes), que teve o altíssimo valor de construção na casa dos 60 milhões de reais, foi denunciado pelos manifestantes de maneira criativa. Parados. Organizados. Ouvindo-se. Ocorreu aquilo que chamamos de jogral, uma conversa com todo o corpo da manifestação.
O criativo ato se findou com muita alegria dentro do antes vazio terminal CECAP. Com músicas impulsionadas pelas baterias, as mesmas que deram o tom durante toda a manifestação, somado a euforia dos manifestantes, que desta vez conseguiram concluir o ato sem os corriqueiros transtornos da polícia. O MPL-Guarulhos, junto as outras organizações de esquerda, não-governistas, e toda a população de Guarulhos que compôs o ato, deixaram o seu recado aos governos e aos empresários do transporte: A NOSSA LUTA NÃO SE CANSA! O SUOR É COMBUSTÍVEL CONTRA O AUMENTO DA TARIFA E O TEMPERO DA LUTA PELA TARIFA ZERO!
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Coletivo Invasão:
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Making Of “Se a Cidade Parar”:
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JOGRAL: Ponte Estaiada de Guarulhos
daqui podemos ver
o que hoje é conhecido
como o cartão postal da cidade de guarulhos
uma ponte inaugurada em 2010
com custo de 60 milhões
onde só passam carros
e não existe acesso a ônibus,
nem bicicletas
ou pedestres.
o almeida nos pergunta
quem vai pagar a conta da tarifa zero
e nós respondemos a ele
que com 60 milhões
nós já teríamos a tarifa zero
há muito tempo
basta optar
por um modelo de cidade
que seja para o povo.
é por isso que continuamos na rua e na luta
para conquistar o nosso direito à cidade
contra o aumento da tarifa
rumo à Tarifa Zero
e pelo fim da cidade do capital!
Movimento Passe Livre Guarulhos – 19/01/2015